Sobre amores e garrafas vazias de vinho.

domingo, 26 de junho de 2011

Perigo Poético ...

Precisava livrar-me daquela prisão. Já é tarde e seria perigoso, mas preciso sair sem rumo. Andar. Pensar. Ou simplesmente sair daquele quarto.
Aqui estou. Andando em uma rua que nem sei o nome, que se dane, não faço questão de saber. Pra quê? Apenas quero acalmar as dores, beber, caminhar; qualquer coisa que faça meu corpo ficar entorpecido.
Causar torpor em minha alma pra me deixar feliz.
Milhões de acontecimentos neste exato momento. Pessoas morrendo, pessoas nascendo, vários amores não sendo correspondidos, traições, cartas sendo queimadas e vários olhares.
(Totalmente sem sentido isso) .
Me sinto como aquelas cobaias (ratos de laboratórios). Rodando, rodando, rodando, rodando, paranóicos pra caralho. Existindo pelo simples fato de existir. Obedecendo ao seu papel de “merda nenhuma”.
 “Às vezes acho que nasci na década errada,
tenho princípios que já se perderam, amo coisas que já não se dá mais valor.” (Letícia Zampier). Sinto-me o ultimo ultra-romântico. Eu sou o ultimo ultra-romântico, com uma pequena diferença, aqueles malditos sabiam a arte da conquista. Talvez eu saiba, mas não o suficiente.



Caminhando devagar. Hoje não tenho a pressa dos outros dias, ando em busca do nada, devagar. Perambulando por ruas com uma garrafa na mão e na mochila Charles Bukowski. Olho para o céu, meus anseios. Sim, eu quero acreditar, ainda que seja difícil. Fecho os olhos. O amor é verdadeiro, mesmo que sinta que é ilusão. Devo lutar até minhas mãos sangrarem. É meu próprio vermelho e viscoso sangue.
Esse lugar me trouxe sensações estranhas. Pego o celular para bater uma foto dessa rua. *suspiros*. Vejo a foto dela, como proteção de tela. Mas ela está tão longe, tão distante dos meus braços curtos e inúteis. Vou fugir para dentro de mim mesmo, quem sabe eu a encontre lá e peça o meu resgate, pois ela levou meu coração em formato de caixão (“
-lhe” H.I.M. “the funeral of hearts”) e agora o meu peito é só uma caixa vazia gritando seu nome. Volto à realidade após escutar um barulho, talvez algo criado pela minha própria cabeça. Aquela Sensação estranha. Olho para trás. Medo. Arrepio.
Noite fria, dolorosa;
Senti muito a chorar, vil declínio.
Talvez a morte esteja por perto no puxar do gatilho de um ladrão. Medo de dar o próximo passo, de virar essa maldita esquina. Novamente olho para trás, ninguém!
Talvez sejam apenas fantasmas a me atormentar. Pensamentos estranhos tomam conta de mim. Minha pútrida alma, perdida.
Continuo. A escuridão me aproxima das trevas, esse maldito frio que congela meu coração.Mais um dia. Ou seria menos um dia? Eu não sei se devo ser tão pessimista.
Coloco a mão no bolso. Minhas chaves. Chave de casa. Chaves do trabalho. Chaves do caixa. Malditas, nenhuma abre o cadeado do seu coração. Vou te contar um segredo, talvez já saiba, gostaria de gritar isso agora mesmo para ecoar por toda essa sombria rua, mas esse segredo ficara guardado. Amo-te até não poder mais. Quero-te até não saber mais o motivo. Desejo-te a todo instante, e só isso é o necessário para sofrer. Sofro, porém aprendo. Aprendo, porém me aventuro e vivo momentos únicos ao seu lado.

Já tive minha dose de insanidade, medo e devaneios. (só não tive hoje uma dose grande daquele veneno). Melhor voltar para casa, meu leito. Perco meu tempo, arrisco-me, descubro meu pranto. Andando tão desatento, e assim flutuando em desalento. Solidão, medo, embriagues, desânimo. Desfalecia constante, a essa perene felicidade discutível.
Indiscutível. Incontrolável. Inexplicável.
Amor ou torpor? Sigo minhas percepções, desejos, obrigações, porque tudo isso?
Tudo negro. Trevas! Tudo o que resta é apenas um lúgubre devaneio.

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