Sobre amores e garrafas vazias de vinho.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Distúrbio ...


O vinho já não serve mais como um néctar dos deuses que me atiçava nas noites onde a volúpia que o seio de uma donzela declamava. No momento em que as taças se batiam brindando a noite com suspiros ofegantes. Todos acordam e meu corpo recolhe para o seu leito ainda com fragmentos daquela noite. Hoje o vinho é como aquele velho amigo de taverna, que se senta ao seu lado escutando todos os seus devaneios.
 A musica já não serve mais para acompanhar uma noite de luxuria, hoje apenas me acalenta, palavras versadas em total enleio que me fazem delirar aos acordes do silencio em meu sepulcro solitário.
A lua, oh divina lua que antes enchia o céu com teu jubilo. Como a luz verde de um semáforo me avisando que posso seguir em frente para ser presenteado com os pecados que outrora encontrava escondido atrás dos olhos de belas moças. Hoje apenas deito-me ao brilho melancólico da lua.


“Sozinho no meio da multidão”, uma frase que poderia dizer tudo de uma maneira direta!
Falta de alguém, de um toque, um beijo, de transeção de pensamento.
O silêncio me atormenta, a escuridão me acolhe, a única coisa que me acompanha é a solidão.
No vazio do meu quarto, sentado no meu canto solto palavras em vão.
Quem dera que em meu peito não batesse um coração. De repente venho e arranco este coração, esquecendo momentos, pisando em esperanças, dilacerando o romance, fazer da terra meu regaço jazigo.



Outrora vivi em enleio delirante.
Deveria eu aceitar meu fado, como os meus grandes poetas, aceitar este mal do século? Vivendo noites boêmias, orgias, viver deste individualismo?
Goethe, Byron, Álvares de Azevedo, estariam eles certos? Não temendo a morte e se entregando totalmente a estes prazeres!
Ou deveria viver o lado sentimentalista deste meu mundo ultra-romântico, em busca de uma musa, uma bela é pálida virgem cujo seu beijo acabaria com o meu anseio. Sua boca, que se mistura com a doçura do vinho que molha seus lábios, era mais doce o vinho misturado aos teus beijos. Em tuas curvas dedilhei poesia em toques arquejados. A musica completa nossos corpos enquanto a lua chora em delírio ao nosso jubilo, irei ama - lá até que eu mal pude respirar e farei deste quarto o nosso tumulo , eternizando o nosso confronto.

8 comentários:

O Arranhão disse...

Nossa,você está cada vez mais intenso. Tu tens uma veia poética aguçadíssima e sofre dos mesmos males que a maioria dos poetas boêmios sofreram (o amor). Me embriaguei nessa leitura. Aguardo, ansioso, as próximas postagens.

Beijos

Hergon Henrique

Unknown disse...

Intenso. De uma forma que mexe dentro-dentro de mim e qualquer outra pessoa. Como se você soubesse exatamente o que se passa dentro de cada um, e resumisse em um único texto. Uma coisa a dizer: MUITO bom. Mesmo

Fêh disse...

Ei Anjo, Amei.
Lindo até nas palavras.
Saudades ♥

MaJuH disse...

"My pulse, as yours, doth temperately keep time,
And makes as healthful music: it is not madness
That I have utter'd."

Cito Shakespeare para contemplar e reverenciar os teus escritos. Belíssimos!

Rapha disse...

Textos do mau, mas com belos pensamentos , ja pensou colocar algum texto feliz?

Wil disse...

Há algo de Nelson Rodrigues em meio ao texto. Principalmente na intensidade.
Um abraço e bom final de semana.

Gustavo Torres disse...

Nossa, muito bonito seu texto, parabens o/
to seguindo
http://www.iliketeenworld.blogspot.com/

Anônimo disse...

Como eu já devo ter dito: vc tem um grande talento na cabeça, no coração e na ponta dos dedos.